Arquitetura e Urbanismo: Infinito ao cubo

O cubo espelhado de 3 x 3 x 3 metros suspenso a 25 centímetros do chão apoiado numa cruzeta no centro de sua base e em quatro molas, uma em cada canto. Duas das suas faces giram em seu eixo central. Uma báscula e outra pivota. Esta pivotante age também como uma porta de acesso ao seu interior. Se por fora o espelho reflete o que lhe rodeira, por dentro, ao fechar a porta, provoca reflexões infinitas em todas as direções. O trabalho dos artistas Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti convida o público a pensar na dimensionalidade. Em seu site, Rejane define: "a compreensão do infinito é possível. Infinito ao cubo é apenas matematicamente impossível".Infinito ao Cubo realiza duas operações opostas: de um lado, o espelhamento externo possibilita uma espécie de mimetização do cubo com o seu entorno, absorvendo e desestabilizando a arquitetura da Pinacoteca, que se movimenta de acordo com as basculações do volume, provocadas desde o seu interior. De outro, na parte interna, as frestas entre as paredes transformam-se em linhas luminosas, com múltiplas reflexões como num caleidoscópio, expandindo o espaço numa geometria fractal, isto é, numa estrutura auto-semelhante, reproduzida ao infinito.

Ao espectador corpo, sentidos, mente e imaginação dentro do cubo é oferecida a possibilidade de uma imersão experiência física e sensível na noção de infinito. Há um momento nesta máquina de interatividade em que a parte externa encontra a interna, criando uma espécie de bolha com um buraco negro, onde a geometria euclidiana é desestabilizada, implodida pela sua multiplicação, para dar lugar a uma experiência de dimensionalidade, característica peculiar de todas as matérias, até então despercebida. Um instante, uma revelação cinemática.
Movimento, colapso e vertigem estão em jogo nesse projeto, que se inscreve na larga tradição dos experimentos com o olhar e a construção da percepção do espaço.